sábado, 5 de novembro de 2011

História e plano de ampliação do Porto de Imbituba

   Antes de discutir as possíveis substâncias recebidas pelo Porto de Imbituba com potencial mutagênico e carcinogênico, vou postar a história do Porto, como ele começou e a situação atual. 





Fonte: http://www.informativodosportos.com.br/wp-content/uploads/2011/03/porto-de-imbituba21.jpg




História do Porto de Imbituba

   O município de Imbituba foi povoado em 1715 pelos açorianos. A armação para a pesca da baleia foi fundada em 1796 e extinta em 1829. A história do porto teve seu início marcado pela pesca predatória das baleias. Os mamíferos eram caçados em alto mar e rebocados até a Praia do Porto onde o toucinho era cortado e derretido para a produção do óleo utilizado na iluminação pública das grandes cidades do Brasil e na composição da argamassa para construção civil. A pesca da baleia durou do século XVIII até o ano de 1973, quando foi morta a última baleia. 







   Em 1870, com a descoberta de jazidas de carvão no alto da Serra do Rio do Rastro, em Bom Retiro (hoje Lauro Muller), sul de Santa Catarina, nas vertentes do rio Tubarão, e com a viabilização do transporte obtido através da construção da estrada de ferro Dna. Tereza Cristina, concluída em 1884, a visão de um porto natural passa a dar lugar à de um porto organizado, especializado no transporte do carvão. A estrada de ferro marcou muito bem esta separação, delimitando os espaços e os tempos de cada um. ²






   O primeiro trapiche do porto de Imbituba foi construído em 1870. Mas as obras de construção do Porto Organizado só se efetivaram mesmo a partir de 1919, com o pioneirismo de Henrique Lage (importante empresário carioca, responsável pelo início da exploração das minas carboníferas do sul do estado, bem como de uma série de outros investimentos em todo país). A obra foi iniciada com a construção do molhe de proteção, dos escritórios e dos armazéns. Também, em 1919, fundou a ICISA – Indústria Cerâmica de Imbituba. Na época, Henrique Lage obteve ajuda do Eng° Álvaro Catão, então diretor da estrada de ferro Dna. Tereza Cristina. Este iniciou um processo de modernização das instalações para embarque mecanizado de carvão. Catão ainda foi responsável por várias outras obras no porto, entre elas a construção de um quebra-mar para a proteção das instalações.

   Em 1922 foi criada a CDI – Companhia Docas de Imbituba, tendo Álvaro Catão como diretor. Pelo Decreto n° 7.842 de 13/09/1941 foi feita a ordenação do registro de concessão à Companhia Docas de Imbituba para exploração comercial do porto, tendo término previsto para o ano de 2012. Em 1942, foi concedida a permissão para realizar obras de aparelhamento e exploração de tráfego do Porto de Imbituba.





Assista o video:  Imbituba Sta Catarina 1940



   Toda a estrutura de extração e escoamento de carvão no sul de Santa Catarina se desenvolveu graças aos incentivos governamentais, o que não deixou de produzir resultados problemáticos, tanto sociais como ambientais, para a região carbonífera.

   Em síntese: num primeiro momento, ainda de forma embrionária, era utilizado no auxílio da pesca da baleia, e, posteriormente, por intermédio do governo federal, tornou-se um porto organizado, especializado no transporte de carvão.

   Entre os anos de 1970 e 1980 houve a dinamização da economia regional da região sul-catarinense deixando a indústria carbonífera de ocupar papel principal de obtenção da renda na região, e que esse espaço foi preenchido por atividades que se desenvolveram, de certo modo, através da estrutura criada pela indústria carbonífera. Essas atividades se desenvolveram principalmente nas cidades de Criciúma e Tubarão, sendo que Imbituba se especializou basicamente ao processo de recebimento e escoamento do carvão.

   A partir da segunda metade da década de 90, devido à crise do carvão, ocorre à diminuição dos embarques pelo porto, e um aumento significativo do volume de desembarques. A partir daí, o porto deixa de ser qualificado como exportador e passa a caracterizar-se como porto importador.

   Hoje, o porto de Imbituba, é especializado na movimentação de granéis sólidos (coque de petróleo, fertilizantes, sal, etc.),de carga geral diversa (madeira, cerâmicas, açúcar em sacos, etc.) e carga geral frigorificada (frango), de granéis líquidos (soda cáustica e acido fosfórico), bem como vem gradativamente se colocando no cenário para retomar a movimentação de contêineres.

   A mercadoria de maior movimentação do Porto de Imbituba, é o coque verde de petróleo, esse produto é utilizado na fabricação de cimento pelo grupo Votorantin, que o importa do Texas (EUA), e distribuí para suas fábricas nos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.

   A segunda mercadoria de maior volume movimentado pelo Porto de Imbituba, é o fertilizante. Utilizado pelas principais empresas adubeiras do sul do País, esse produto é importado do Chile, pela empresa Fertisanta. A Fertisanta além de importar o produto, faz a distribuição para todo o Estado de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Um fato interessante, é que, tanto a mistura quanto o ensacamento do produto, são feitos em armazéns localizados dentro da área portuária, daí seguindo direto para seus clientes.

   A movimentação de Soda Cáustica oriunda de Maceió/Al é utilizada por cervejarias (para lavação dos vasilhames) e fábricas de sabão e desinfetante, espalhadas principalmente pela região sul do País (PR, SC e RS). Na pauta das exportações o Porto de Imbituba atualmente tem nos congelados (frango) o seu principal produto.

   Outro produto que vem merecendo destaque na pauta das exportações é o açúcar, oriundo do Estado de São Paulo. Mais recentemente, em 2004, a cerâmica da região de criciúma retoma a pauta de exportações através do Porto de Imbituba. Basicamente o produto vem das empresas Eliane e Cecrisa e tem como destino o mercado Europeu e Americano.

   Cabe assinalar que, apesar de estar em localização geográfica privilegiada, o Porto de Imbituba está mais distante dos grandes centros consumidores e produtores do Estado de Santa Catarina, em relação aos demais portos concorrentes. Este fator é relevante quando se trata de procurar o menor custo por parte de quem utiliza os serviços portuários.


   Os principais portos concorrentes são:


• Porto de Itajaí, distante 160 Km de Imbituba e localizado na região do Vale do Itajaí, tem a carga geral (madeira, congelados, bobinas de papel e maçã) como principal tipo de produto movimentado. A movimentação de contêineres também é significativa, servindo para escoar produtos da região serrana, oeste e norte do estado de Santa Catarina;






  • Porto de São Francisco do Sul, localizado na região norte do estado, a 290 Km de Imbituba, tem como principais produtos movimentados os granéis sólidos (grãos e fertilizantes), carga geral (madeira, bobinas e papel) e contêineres da região sul do Paraná, e das regiões oeste e norte de Santa Catarina;




• Porto de Rio Grande, localizado no estado do Rio Grande do Sul, distante 894 Km de Imbituba, tendo como principais produtos movimentados o granel sólido, carga geral e contêineres do Estado do Rio Grande do Sul. ³



Fonte: http://www.revistaportuaria.com.br/site/?home=noticias&n=zozSd&t=porto-so-francisco-sul-recebe-45-milhes-euros-novos-equipamentos




Plano de ampliação e expansão do Porto de Imbituba



   A Santos Brasil – empresa que controla o Porto de Santos e é responsável por metade de sua movimentação de cargas e 20% do total nacional – está investindo R$ 440 milhões no Porto de Imbituba, O terminal tem tudo para atrair boa parte das cargas de contêineres oriundas do Sudoeste paranaense, do centro-oeste de Santa Catarina e do norte e centro do Rio Grande do Sul, afetando não só o Porto de Paranaguá, mas também os de Itajaí (SC) e Rio Grande (RS).

   O investimento contempla o arrendamento do terminal de contêineres do porto (Tecon Imbituba), por meio de um contrato de 25 anos, com possível renovação por mais 25, e uma série de investimentos na ampliação e modernização da área – que passará dos atuais 76 mil metros quadrados para 250 mil metros quadrados –, além da capacitação de mão de obra. A expectativa é que em 2012 Imbituba passe a ter capacidade para receber navios de quinta geração, que operam as principais rotas internacionais e carregam até 8,6 mil TEUs (ou 4,3 mil contêineres de 40 pés). 4





   Este projeto de ampliação irá transformar o Porto de Imbituba em um dos maiores portos do Sul Brasil, o projeto remanejará moradores dos bairros de Vila Alvorada e Vila Nova Alvorada (Divinéia) e condenará as ondas e o ecossistema de três praias interligadas por trilhas, que compõem o complexo da praia do Porto. ¹







Praia do Porto
Praia d’Água



Ribanceira
   Lembrando que na praia da Ribanceira é uma praia de areia molhada, sem faixa de duna frontal. Possivelmente a alteração deste ambiente ocorreu por causa de "melhorias no porto".






Praia da Vila



   A ampliação do porto tem causado polêmica entre os moradores da região, pois temem que isto gere impacto ambiental irreversível no ecossistema local.
 
 
MOVIMENTO S.O.S PRAIA DO PORTO - IMBITUBA - SC







Leia mais:

* Sistema portuário Catarinense: A construção dos portos de São Francisco do Sul, Itajaí e imbituba - http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/download/jornadas/2/e3-03.pdf
* O porto de Imbituba na formação do complexo carbonífero catarinense - http://revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/view/2379

* A indústria carboquímica catarinense em Imbituba: uma história encoberta pela fumaça vermelha
http://seer.cfh.ufsc.br/index.php/sceh/article/viewPDFInterstitial/67/49




Referências




MARTINS, Manoel de Oliveira. Imbituba: História e desenvolvimento. [s/d.], [s/n.].

3 HERZMANN, Gabriel. As transformações no Porto de Imbituba e seus reflexos urbanos-regionais. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis, junho de 2005. http://tcc.bu.ufsc.br/Economia295584.pdf








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